O valor de entregar mais do que o contratado
Atualmente estamos vivenciando uma discussão sobre valor no qual não se considera o
valor como monetário, mas como aquilo que resolve problemas, dores e necessidades dos
seus clientes. Aquele valor agregado no bem ou no serviço em termos de qualidade, bom
atendimento, boa vontade de servir e presenciar bom funcionamento no produto vendido e
entregue ao usuário consumidor. Produto entendido aqui como qualquer bem ou serviço
que atenda às necessidades dos clientes.
Aqui no Brasil quando se fala em empreendedorismo, tem-se uma certa discriminação por
que a maioria de nós nasceu com a cultura de empregado, de emprego público ou particular
e nos tornamos avessos ao risco. No empreendedorismo o risco faz parte do processo diário
e não adianta ter medo de arriscar. As profissões estão mudando constantemente, umas
sendo criadas e outras desaparecendo.
Muitos autores especialistas em empreendedorismo afirmam que empreender no Brasil é
feito por duas maneiras, a primeira por necessidade. Pessoas perdem seus empregos ou
rendas e são obrigadas a abrir um negócio próprio, muitas vezes sem nunca terem tido
experiência naquele ramo de atividade empresarial. A segunda maneira é por opção de
empreender, de ser livre para não ter patrão e poder ganhar o que puder, sem limites,
dependendo unicamente de seus esforços e do tamanho de seus sonhos.
Há uma discussão nesse meio termo a respeito se “dinheiro traz ou não felicidade”. Essa
cultura de ojeriza ao dinheiro, às pessoas ricas no Brasil, que ganhar dinheiro é um pecado
ou qualquer coisa feia, na minha opinião, nasceu com nossa descendência portuguesa
patrimonialista e católica romana. Os portugueses sempre tiveram a cultura de ganhar
favores, principalmente financeiros e econômicos, dos poderes públicos. A igreja Católica
sempre pregou a pobreza, mas sempre teve templos riquíssimos e vida boa do clero em
todos os lugares onde atua.
Nessa celeuma há muitos especialistas dizendo que “dinheiro não traz felicidade, a
felicidade é que traz o dinheiro”. Por isso, contrariando a Igreja Católica, ganhar dinheiro
não é pecado. Os empreendedores e os aspirantes a empreendedores podem gerar valor para
seus clientes e ganhar muito dinheiro em suas atividades, pois essa opção de ter negócio
próprio ajuda no sustento das famílias, bem como no desenvolvimento sustentável do país.
Quero lembrar alguns empregos que tive na minha vida, onde sempre dei mais do que o
contratado. Quando fui menor aprendiz do Banco do Brasil, em 1976, em Orós, interior do
Ceará, eu era contratado para trabalhar 4 horas diárias e sempre ficava no Banco de 10 a 12
horas por dia. No BRADESCO em 1977 foi na mesma sequência, ganhava para trabalhar 8
horas diárias e trabalhava 10 a 14 horas por dia. No Banco do Nordeste do Brasil não foi
diferente, sempre trabalhei mais do que as horas contratadas. Quando decidir empreender
no ramo contábil e em micro indústria sempre fiz mais do que era necessário. Alguns
colegas e amigos achavam que eu era besta e que as empresas estavam se aproveitando de
mim, mas aconselho a todos que queiram me ouvir: vale a pena ser aproveitado, pois o
conhecimento e a determinação que você aprende não tem preço. Eu faria tudo de novo e
do mesmo jeito. Vale a pena.
João Dilavor